No canal Segurança e Defesa TV, o podcaster Rodney Idankas entrevistou a advogada Dra. Cláudia, especialista em ações judiciais contra abusos em empréstimos consignados. O tema central foi o impacto devastador da chamada "máfia dos consignados" sobre servidores públicos, especialmente policiais, pensionistas e inativos, que muitas vezes têm seus salários totalmente comprometidos por dívidas. A conversa revelou como esses profissionais, já prejudicados por baixos salários, enfrentam ainda o assédio constante de financeiras e bancos, que buscam empurrar novos empréstimos a qualquer custo, mesmo quando não há mais margem para desconto em folha1.
Além disso, a Dra. Cláudia destacou que há uma preocupação
séria com o vazamento de dados pessoais desses servidores. Apesar da existência
da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que proíbe o compartilhamento
indevido dessas informações, na prática, muitos policiais relatam receber
ofertas de crédito imediatamente após quitarem parcelas, indicando que seus
dados estão sendo comercializados ilegalmente. Isso, segundo a advogada, pode e
deve ser alvo de investigação policial, já que a LGPD prevê multas severas para
empresas envolvidas nesse tipo de prática.
Outro ponto abordado foi a quantidade de irregularidades nos contratos de financiamento de veículos e empréstimos consignados. De acordo com a Dra. Cláudia, cerca de 95% desses contratos apresentam cobranças indevidas, como seguros não solicitados, taxas de vistoria inexistentes e venda casada de produtos financeiros. Essas práticas, além de ilegais, aumentam consideravelmente o valor das parcelas, levando muitos servidores ao superendividamento. A advogada explicou que, em muitos casos, é possível acionar a Justiça para revisar contratos, eliminar cobranças abusivas e até conseguir a devolução em dobro dos valores pagos indevidamente.
Atolados em dívidas impagáveis
Para aqueles que já estão atolados em dívidas, a Dra.
Cláudia ressaltou a importância da nova Lei do Superendividamento. Essa
legislação permite que todas as dívidas de consumo sejam reunidas em um único
processo, possibilitando a negociação de um plano de pagamento que respeite o
limite de 30% do salário do devedor e que pode ser parcelado em até 60 meses.
Durante o processo, as cobranças ficam suspensas, dando um alívio imediato ao
servidor enquanto o acordo é negociado judicialmente.
A entrevista também abordou o estigma e a vergonha que
muitos policiais sentem ao admitir dificuldades financeiras. Rodney e Dra.
Cláudia reforçaram que buscar ajuda não é motivo de desonra, mas sim um passo
necessário para recuperar a dignidade e o controle da vida financeira. Eles
alertaram que os bancos e financeiras, muitas vezes responsáveis pelo
endividamento, não são aliados do consumidor e que a renegociação direta pode
não ser a melhor solução, já que tende a perpetuar o ciclo de dívidas com juros
ainda mais altos.
Por fim, o episódio serviu de alerta para a necessidade de
educação financeira desde cedo, especialmente nas instituições de segurança
pública. O canal se comprometeu a continuar trazendo especialistas para
orientar os servidores sobre seus direitos e caminhos legais para enfrentar o
superendividamento. A mensagem final foi de esperança: existe luz no fim do
túnel, e com informação e apoio jurídico, é possível sair do sufoco e recuperar
a qualidade de vida.
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