O governo da Bahia encaminhou à AssembleiaLegislativa uma proposta de aumento salarial diferenciado para as carreiras policiais no estado. Essa medida visa corrigir distorções históricas e valorizar funções específicas dentro das forças de segurança. No entanto, a proposta gerou um intenso debate entre as categorias de segurança pública, destacando-se a insatisfação de alguns segmentos com os percentuais de reajuste oferecidos.
A Proposta de aumento
A proposta prevê reajustes escalonados até 2026, com
percentuais distintos para diferentes categorias. Praças e oficiais da Polícia
Militar e Bombeiros receberão um aumento de 14,76%, enquanto delegados e
peritos da Polícia Civil terão um reajuste de 14%. Investigadores, escrivães e
peritos técnicos da Polícia Civil serão beneficiados com um aumento de 22%, e
agentes penitenciários receberão 13,29%. Essa diferenciação foi justificada
pelo governo como uma forma de corrigir desigualdades passadas e valorizar
funções específicas.
Durante o processo de negociação, associações como a ForçaInvicta (oficiais) e a APPM (praças) participaram ativamente das tratativas com o governo. O Sindicato dos Policiais Civis da Bahia (SINDPOC) também teve um papel importante nas discussões. As entidades foram ouvidas em diversas rodadas de negociação, e a proposta final foi submetida à avaliação dos associados antes de ser oficialmente respondida ao Executivo.
Críticas e insatisfação
Apesar do reconhecimento da participação das entidades,
houve críticas de parte das bases quanto à condução das negociações. Alguns
membros acusaram os sindicatos civis de terem uma postura excessivamente
conciliadora com o governo. A insatisfação é mais acentuada entre os militares
estaduais, que expressaram descontentamento com o percentual recebido, alegando
quebra de isonomia em relação a outras carreiras.
Consenso e avanços
Há um consenso entre as partes sobre a necessidade de
valorização das carreiras policiais e a importância de avanços salariais após
anos de defasagem. Tanto o governo quanto as entidades representativas
destacaram que o reajuste representa um marco histórico, com ganhos reais para
as categorias e perspectivas de melhorias em outros aspectos, como promoções,
gratificações e condições de trabalho. O compromisso de manter mesas
permanentes de negociação também foi celebrado como um avanço institucional.
Tensões Internas
O dissenso é marcante quanto à forma diferenciada do
reajuste. Muitos militares estaduais expressaram insatisfação com o percentual
recebido, comparando-se desfavoravelmente a outras carreiras, especialmente
diante do reajuste maior para investigadores, escrivães e peritos técnicos da
Polícia Civil. A percepção de que promoções e gratificações não substituem a
valorização salarial direta alimenta o clima de descontentamento.
Reações dos Policiais Civis
Entre os policiais civis, apesar da aprovação da proposta em
assembleia, houve votos contrários e exigências de continuidade do diálogo para
tratar de outras pautas pendentes. Isso indica que, embora haja um
reconhecimento dos avanços, ainda há demandas não atendidas que precisam ser
discutidas.
Em síntese, a proposta de aumento diferenciado avança no reconhecimento da importância das forças de segurança, mas evidencia tensões internas sobre critérios de distribuição e o ritmo das conquistas. O processo de negociação envolveu as principais associações e sindicatos, que participaram formalmente das discussões, embora nem todos os segmentos se sintam plenamente contemplados ou representados no resultado final. A continuidade do diálogo e a busca por soluções que atendam às demandas de todas as categorias serão fundamentais para superar as atuais insatisfações e promover uma maior coesão entre as forças de segurança no estado da Bahia.
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