O cenário da recomposição salarial dos PMs no Rio de Janeiro tornou-se uma verdadeira novela, marcada por anos de luta e frustrações. Em entrevista ao canal Segurança e Defesa TV, o Major PM Luigi revelou os bastidores dessa batalha, destacando a necessidade urgente de um reajuste digno para os servidores da segurança pública.
A discussão gira em torno do direito constitucional à
recomposição salarial, previsto no artigo 37, inciso X, da CF, que determina a revisão geral anual da remuneração dos servidores
públicos. No entanto, na prática, esse direito tem sido sistematicamente
negligenciado, gerando indignação e mobilização entre os militares e demais
servidores do estado.
Nesse contexto, o Major Luigi anunciou sua intenção de
ingressar com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) junto ao STF,
buscando garantir a efetivação desse direito. Ele enfatizou que a ADI não se
trata de um aumento salarial arbitrário, mas sim da atualização dos vencimentos
conforme determina a Constituição. A movimentação em torno dessa ação já
começou a mexer com o tabuleiro político fluminense, pressionando deputados e
partidos a se posicionarem diante da demanda dos servidores.
Além disso, o Major Luigi relatou que a pressão exercida
pelos servidores públicos, especialmente os militares, obrigou os deputados
estaduais a criarem uma comissão na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro
(Alerj) para discutir a recomposição salarial. No entanto, ele criticou a
postura de muitos parlamentares, que têm feito "ouvidos de mercador"
diante das reivindicações, demonstrando falta de sensibilidade diante do
sofrimento de milhares de famílias que dependem desses salários defasados. O
Major ressaltou que a fome e a necessidade não podem esperar, e que a urgência
da situação exige respostas concretas e imediatas das autoridades.
Na busca por apoio para viabilizar a ADI, o Major Luigi vem
dialogando com diversos partidos políticos, tanto de direita quanto de
esquerda, demonstrando que a luta pela recomposição salarial é suprapartidária.
Ele citou tratativas com partidos como Mobiliza (PMN), PRTB, PT, PSD, Avante e,
principalmente, o PDT, que teria demonstrado maior disposição em abraçar a
causa. O projeto elaborado por Luigi foi encaminhado ao jurídico do PDT, que
elogiou a iniciativa, mas ainda não deu uma resposta definitiva, o que tem
gerado expectativa e cobrança por parte dos policiais.
Outro ponto destacado na entrevista é a necessidade de
transparência e mobilização coletiva. O Major Luigi fez questão de expor os
nomes dos partidos e autoridades envolvidos nas negociações, defendendo que a
solução para a recomposição salarial deve ser construída de forma aberta e
democrática. Ele também ressaltou que, caso não haja respaldo partidário, a
alternativa será buscar o apoio de entidades de classe com representatividade
nacional para ingressar com a ADI no STF, mostrando que não faltam caminhos
para levar a demanda adiante.
É importante ressaltar que a recomposição salarial não beneficia apenas os policiais da ativa, mas também aposentados, pensionistas e servidores de outras áreas, como saúde e educação. Muitos desses profissionais, especialmente os veteranos, enfrentam dificuldades extremas para sobreviver, recorrendo a vaquinhas para pagar contas básicas e adquirir alimentos. O Major Luigi destacou que a recomposição é um direito de todos os servidores, e não pode ser tratada como privilégio de uma casta específica.
O Major também criticou a prática de reajustes diferenciados
entre categorias e patentes, como ocorreu recentemente em outros estados, onde
índices de aumento variaram entre policiais civis, militares e técnicos
científicos. Para ele, essa diferenciação é inconstitucional e fere o princípio
da isonomia, agravando ainda mais o sentimento de injustiça entre os servidores
públicos. Ele defende que o reajuste deve ser linear, alcançando todos de forma
igualitária, conforme determina a Constituição.
Luigi reforçou seu compromisso com a causa, afirmando que
não busca protagonismo ou holofotes, mas sim uma solução efetiva para o drama
vivido pelos servidores do Rio de Janeiro. Ele conclamou a sociedade e os
colegas de farda a se manterem mobilizados, pressionando deputados, partidos e
entidades para que a ADI seja protocolada o quanto antes. Segundo ele, o
momento é de união e coragem, pois apenas com pressão e transparência será
possível romper o ciclo de descaso e garantir justiça salarial para quem arrisca
a vida diariamente pela segurança da população.
SIGA-NOS EM NOSSAS REDES
SOCIAIS
Siga-nos no X, clique aqui
Siga-nos no
Instagram, clique aqui
Clique aqui para falar no
WhatsApp
Nenhum comentário:
Postar um comentário