A sobrecarga de trabalho e a ausência de uma gestão eficiente das horas trabalhadas estão comprometendo a saúde física e mental de milhares de policiais em todo o Brasil, segundo relatos de especialistas e dados recentes do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. No SDTV Podcast, o tema foi abordado de forma direta, destacando como o sistema atual transforma a atividade policial em um desafio diário, marcado pelo estresse, cansaço e falta de valorização profissional.
Em estados como Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Minas Gerais, o cenário se repete: escalas exaustivas, plantões em sequência e jornadas que frequentemente ultrapassam os limites do razoável. Muitos policiais relatam que conseguem retornar para casa apenas duas vezes por semana, abrindo mão do convívio familiar e do descanso necessário, o que compromete tanto o desempenho profissional quanto a estabilidade emocional dos servidores.
A expectativa de que o salário seria compensado por horas extras rapidamente se desfaz diante de uma “pegadinha institucional”: em vez de ampliar o efetivo por meio de concursos públicos, o Estado estimula o uso de escalas extras para cobrir lacunas operacionais, resultando em policiais exaustos, adoecidos e submetidos a um ambiente de constante cobrança. O adoecimento mental é crescente e, em alguns estados, já se tornou uma das principais causas de afastamento e até de morte entre policiais.
A pressão, muitas vezes, não é explícita, mas está presente no cotidiano das unidades. Policiais que não se inscrevem para o chamado “bico oficial” acabam sendo escalados automaticamente, perdendo folgas, e aqueles que recusam são rotulados negativamente. A falta de transparência na gestão das horas trabalhadas abre espaço para abusos, preferências pessoais e escalas definidas sem critérios técnicos claros.
Outro ponto crítico é a convocação para audiências em fóruns, geralmente agendadas para os dias de folga dos policiais. Enquanto em países como Estados Unidos e nações europeias essas idas são computadas como dias de serviço, no Brasil elas frequentemente coincidem com as folgas, aumentando ainda mais a sensação de penalização por parte do sistema.
A ausência de regulamentação sobre o banco de horas agrava o problema. Embora existam projetos de lei tramitando no Congresso, como o PL 375/2025, que busca limitar a carga horária mensal e garantir remuneração extra para horas excedentes, a prática ainda está distante da realidade dos policiais. Especialistas apontam que a implantação de um banco de horas poderia trazer benefícios significativos, como maior flexibilidade e compensação justa, mas exigiria regulamentação adequada e vontade política para ser implementada.
Enquanto isso, a tropa segue adoecida, sobrecarregada e desmotivada. A existência de projetos de lei não resolve o problema se não houver efetiva aplicação e fiscalização. O SDTV Podcast segue acompanhando de perto essa pauta, dando voz aos profissionais de segurança pública e cobrando soluções que façam justiça a quem protege a sociedade todos os dias.
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