SDTV Podcast , o tema em debate é a grave crise de representatividade e adesão que atinge as associações militares em todo o Brasil, com foco especial no Clube Militar, instituição tradicional das Forças Armadas. A debandada histórica foi revelada por dados publicados na Revista Sociedade Militar, que apontam uma perda de cerca de 1/3 dos associados nos últimos seis anos, o que acende o alerta para a sustentabilidade dessas entidades.
Segundo a revista, entre 2018 e 2024, o número de sócios efetivos do Clube Militar caiu de 5.435 para 4.301 – uma redução de 20%. Quando se observa o total de associados, incluindo categorias gratuitas, o número despencou de 38.950 para 26.879, o que representa uma diminuição de 31%. A principal preocupação é o envelhecimento dos associados e a dificuldade em atrair jovens oficiais como tenentes e capitães.
Essa tendência não é exclusiva do Clube Militar. As associações de policiais e bombeiros militares estaduais também enfrentam o mesmo problema: descrédito da base, especialmente entre as praças. Muitas dessas entidades são percebidas como instrumentos de interesses políticos e de oficiais superiores, distantes da realidade dos que estão na linha de frente.
Em meio a esse cenário desolador, uma exceção é destacada: a PMDFESP – Associação dos Policiais Militares com Deficiência do Estado de São Paulo. Considerada um modelo de atuação voltado ao apoio direto e desburocratizado, a entidade rompe com o padrão político-partidário e presta serviços concretos à tropa, inclusive acolhendo policiais civis, guardas municipais e militares das Forças Armadas.
O artigo reforça que o distanciamento das associações em relação à nova geração de militares, como a geração Z, também contribui para o esvaziamento. Jovens soldados, cabos e tenentes não se sentem representados por instituições que funcionam com lógicas ultrapassadas, pouco inclusivas e distantes do dia a dia da tropa. A ideia de vínculo vitalício com a instituição pública também não encontra mais eco nos tempos atuais.
Além disso, o alto custo das mensalidades é um impeditivo real. Um sócio efetivo residente no Rio de Janeiro paga R$ 210, valor considerado excessivo por muitos, especialmente para oficiais subalternos. Mesmo com a suspensão temporária da taxa de adesão (a chamada "joia"), o custo-benefício é questionado por quem não vê retorno prático da filiação.
A publicação do SDTV Podcast levanta reflexões importantes: como reconectar as associações com suas bases? Como tornar esses espaços mais representativos e menos elitizados? O modelo tradicional parece ruir diante da ausência de políticas de valorização, escuta ativa e integração entre diferentes patentes e perfis.
O futuro das associações militares – tanto federais quanto estaduais – dependerá da capacidade de se reinventarem, abandonando estruturas hierarquizadas e fechadas, e adotando práticas mais democráticas, inclusivas e úteis à realidade da tropa. O tempo para mudança está se esgotando.
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