05 junho 2025

Segundo DELEGADO de SP, CRIME evoluiu e a POLÍCIA NÃO

No papo de hoje do SDTV Podcast, a gente levanta um ponto quente, direto da trincheira do combate ao crime moderno: as novas modalidades de estelionato digital, que vêm assolando principalmente a população mais vulnerável — pensionistas, idosos, nativos do sistema. A pergunta que fica no ar é: isso é caso pra Polícia Civil? Polícia Militar? Ou é só mais um golpe que o sistema ainda não soube enfrentar com firmeza?

A conversa começa com um exemplo simples, mas cada vez mais comum: os famosos "jogos do tigrinho". Golpes disfarçados de promessas fáceis de riqueza, atraindo vítimas com R$100 no bolso e um sonho de mudar de vida. O criminoso já entendeu que o risco de um assalto na rua é maior do que operar uma central de golpe no ar-condicionado. Estamos vendo uma migração do crime físico para o digital. O sujeito que antes usava uma arma agora usa um celular e um notebook.

Dados alarmantes revelam que o estelionato subiu 360% entre 2018 e 2023. A criminalidade se adaptou: hoje, o crime está nas redes sociais, nos golpes de Pix, nas mensagens de texto que pegam o cidadão no laço. O criminoso compra CPF, número de telefone, RG, dispara mensagens em massa e se dez vítimas morderem a isca, ele já fez o dia. É golpe de engenharia social, onde o afeto e a confiança são armas — o famoso “golpe do amor”, que termina com a vítima depositando R$10 mil, R$60 mil, até R$120 mil.

 

No 50º Distrito Policial do Itaim Paulista, por exemplo, um inquérito revelou uma professora aposentada que perdeu tudo numa dessas armadilhas. E é aí que entra a orientação: desconfie. Não existe almoço grátis. Banco não liga pedindo clique em link, e se clicar em link desconhecido, você pode estar abrindo a porta pro estelionatário. A recomendação direta da Civil é clara: registrou golpe, vai direto na delegacia eletrônica do seu estado e faça o boletim de ocorrência. Esse é o primeiro passo para tentar reverter o prejuízo.

A reversão do Pix, por exemplo, só pode ser feita através do mecanismo do Banco Central mediante registro formal. E atenção: não é pelo 190. O canal correto é a Polícia Civil. Mas ainda temos outro problema: a investigação só acontece se houver representação formal da vítima. Isso trava o processo e ajuda o criminoso a desaparecer sem deixar rastro.

Hoje, o criminoso está estruturado. Ele não é um amador isolado. É gente com QG de golpe, usando estrutura profissional e tecnologia avançada. E se o Estado quiser realmente enfrentar — não apenas “combater” — o crime digital, precisa de inteligência técnica, rastreamento de dinheiro e ataque à base financeira das quadrilhas. Prender pelo flagrante de estelionato é difícil. Mas rastrear e enquadrar por lavagem de dinheiro é possível — se tiver investigação séria e ferramentas legais eficientes.

O delegado, mesmo sabendo a origem do golpe, ainda depende do Judiciário para pedir o bloqueio da conta envolvida. E nesse meio-tempo, o dinheiro já virou criptomoeda, foi pulverizado entre laranjas ou sumiu no ralo do sistema financeiro paralelo. A legislação atual não acompanha o ritmo do crime digital. E isso é inadmissível. Já há propostas em Brasília para mudar isso, mas como se sabe, por lá tudo anda devagar.


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