24 junho 2025

Bombeiros de SP separados da PM: Coronel deseja isso!

No SDTV Podcast, especialistas discutem a histórica e atual subordinação do Corpo de Bombeiros à Polícia Militar (PM) no Estado de São Paulo, um modelo que contrasta com a maioria dos demais estados brasileiros, onde os bombeiros são corporações autônomas.

Desde sua fundação em 1880, o Corpo de Bombeiros paulista esteve vinculado a uma estrutura urbana distinta da força pública da época. Nos primeiros anos, conflitos surgiram devido à escalação dos bombeiros para funções policiais por falta de efetivo na PM, desviando-os de sua missão principal: o combate a incêndios e salvamentos. Essa sobreposição de funções gerou insatisfação na corporação e impulsionou o movimento de emancipação dos corpos de bombeiros em vários estados.




A Constituição Federal de 1988 fortaleceu a tendência de separação das corporações, mas São Paulo manteve a estrutura tradicional, permanecendo o único estado onde os bombeiros continuam subordinados à PM. Especialistas ouvidos no podcast apontam que essa permanência se deve mais a uma cultura institucional enraizada do que a critérios técnicos ou operacionais. Essa cultura tem raízes históricas, como a resistência à primeira proposta de emancipação em 1947, e é reforçada por um componente simbólico: a figura do “bombeiro paisão”, que representa a identidade da corporação dentro da PM.

O episódio também destaca os desafios enfrentados quando os bombeiros foram transferidos para a administração municipal, período marcado por precariedades funcionais e falta de garantias previdenciárias, o que reforçou a resistência à emancipação.

Em 1989, uma nova tentativa de emancipação ocorreu, mas enfrentou novamente forte oposição interna. Atualmente, projetos de lei, como o do deputado Lucas Bove, que lidera uma frente parlamentar dedicada ao tema, continuam tramitando na Assembleia Legislativa de São Paulo.

O convidado do podcast, oficial da reserva com carreira no Corpo de Bombeiros, enfatizou que, apesar de ter sido formado pela Academia da Polícia Militar do Barro Branco, sua função sempre foi técnica e operacional, focada no salvamento, e não no policiamento. Por isso, considera inadequado se autodenominar policial, respeitando o trabalho dos colegas da PM que atuam diretamente na segurança pública.


A discussão revela que a permanência do Corpo de Bombeiros sob o comando da PM em São Paulo decorre de um modelo cultural resistente à mudança, e não de superioridade técnica ou operacional. Como todo estigma organizacional, esse padrão persiste porque poucos conhecem ou questionam suas origens.




    




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